Saltar al contenido principal

Histórias de usuários do Tella

CLEEN Foundation - Nigéria

Resumo

A CLEEN Foundation usou o Tella para o monitoramento da eleição na Nigéria. Receberam 7.800 relatórios de observadores da eleição que os ajudaram a identificar casos de violência policial e fraude eleitoral em tempo real. Os relatórios incluíam evidências em foto, vídeo e áudio, além de descrições textuais. A CLEEN Foundation conseguiu receber, analisar e publicar os resultados do processo de monitoramento eleitoral no dia seguinte à eleição e um relatório com recomendações para o governo nigeriano para aumentar a segurança nas futuras eleições, reduzir a violência e prevenir fraude.

👥 +1000 usuários

📲 7.800 relatórios, incluindo imagens, audio e vídeos

🗄️ Conexão: ODK (Kobotoolbox)

A CLEEN Foundation é uma organização não governamental estabelecida em 1998 na Nigéria com a missão de promover a seguridade pública, segurança e justiça acessível através de pesquisa pública, advocacia legislativa, programas de protesto e publicações, em parceria com o governo, a sociedade civil e a iniciativa privada.

A CLEEN primeiramente implantou o Tella em fevereiro e março de 2019 para monitorar o comportamento das forças de segurança nigerianas durante as eleições gerais do país. Com as conjecturas sobre militarização e violência do processo eleitoral, o monitoramento era crucial. Usando o Tella, a CLEEN conseguiu:

  • Coletar dados de centenas de usuários de todas as partes do país
  • Identificar padrões de violência e fraude nas eleições em tempo real
  • Proteger os dados coletados de adulteração e interferência
  • Fazer recomendações informadas de políticas para o governo nigeriano

Antes de implantar o Tella, os esforços de documentação da CLEEN Foundation se centravam no Whatsapp: centenas de observadores enviavam fotos, vídeos e texto para um número de Whatsapp para relatar problemas com o processo eleitoral. A equipe da CLEEN, então, baixava o material e tentava organizá-lo para identificar padrões. Esse era um processo extremamente ineficaz e custoso: era difícil rastrear quem enviava o quê e analizar dados que chegavam em diferentes formatos. Em outros casos, a CLEEN usava o Google Formulários, o qual permitia mais estrutura mas não suportava o envio de arquivos multimídia ou a coleta de dados offline.

Em fevereiro de 2019, com a ajuda da Horizontal, a CLEEN implantou o Tella para observar as eleições gerais da Nigéria. A Horizontal instalou o Kobotoolbox, software que servia como um repositório backend para os dados, em um servidor privado para a CLEEN e o manteve ao longo do tempo. Durante a implantação, a Horizontal também forneceu suporte e orientação sobre como melhor modelar os formulários utilizados para coletar dados e como implantar o Tella nos espaços de atuação. A CLEEN treinou dúzias de coordenadores de estado com o aplicativo, que por sua vez treinaram centenas de observadores nos seus respectivos estados. Cada um desses “observadores oficiais” recebeu um nome de usuário e uma senha, de modo que cada conjunto de dados estaria associado com um observador para retirada de dúvidas e verificação. Ademais, a CLEEN publicou instruções para qualquer pessoa se tornar um “cidadão observador” e enviar dados no Tella por meio de uma conta de convidado.

A CLEEN criou formulários para fazer aos observadores perguntas específicas nas quais estavam interessados, como quantos policiais estavam presentes no local de votação, a que horas eles chegaram, etc., e para reportar incidentes. Os relatórios de incidente permitiam que observadores escrevessem uma descrição do incidente e anexassem evidências de fotos, vídeos e áudio.

Ao longo do processo eleitoral, a CLEEN recebeu um total de 7.800 relatórios: 6.300 de observadores oficiais e 1.500 de cidadãos observadores. Esses relatórios chegaram em tempo real ou quase em tempo real, permitindo que a CLEEN lançasse diversos relatórios nos dias da eleição: um no meio do dia e outro após o fechamento de todos os locais de votação. Você pode ver aqui um desses relatórios, publicado no dia posterior às eleições e outra postagem com descobertas-chave e recomendações para o governo da Nigéria para melhorar a sua segurança nas futuras eleições, reduzir a violência e prevenir fraude.

Após o sucesso dessa primeira implantação, a CLEEN implantou o Tella para investigar o tráfico humano na Nigéria, melhor entender suas causas e identificar potenciais soluções.

Not1More - Brasil

Resumo

Not1More (N1M) usou o Tella para documentar violações de direitos ambientais e de território na Amazônia brasileira. No Brasil, os defensores na linha de frente da defesa ao meio ambiente vêm sofrendo ataques e perseguição e as comunidades indígenas enfrentaram ataques à suas culturas, territórios e modos de vida. Tella é um meio seguro de relatar violações e ao mesmo tempo priorizar a segurança dos reportadores. Com os resultados, a N1M, junto a pesquisadores e comunidades, desenvolveu um mapa que está sendo usado como uma ferramenta de advocacia pública para a justiça ambiental.

Not1More (N1M) é um grupo de propaganda ambientalista que apoia defensores do meio ambiente na linha de frente e investiga as raízes do conflito ambiental. N1M dá suporte àqueles na linha de frente da proteção ambiental, investiga conflitos e crimes contra o meio ambiente e trabalha próximo a defensores e comunidades em risco no Camboja, no Oeste da África e no Brasil.

N1M implementou o Tella no nordeste do Brasil, onde comunidades indígenas vêm enfrentando ataques às suas culturas, territórios e modos de vida. Defensores do meio ambiente na linha de frente nessa região estão sendo ameaçados, atacados, encarcerados ou encaram campanhas de difamação por causa de seu trabalho. Somente em 2019, 24 defensores de território foram assassinados no Brasil. 90% desses asssassinatos ocorreram na Amazônia.

N1M usa o Tella para documentar esses ataques e violações contra ativistas ambientais e de direitos de território. Mary Menton, uma pesquisadora associada de Justiça Ambiental na Universidade de Sussex e membro do N1M explicou que “Em lugares como o Brasil, o governo está espionando de maneira crescente as organizações não governamentais e pessoas que entende como ameaça. É realmente importante que ativistas estejam os mais confiantes possíveis em seus dados. Sempre tivemos de nos certificar de não estarmos colocando as pessoas em um risco maior conforme elas coletam informação e evidência”.

Além das funcionalidades de segurança e privacidade do aplicativo, N1M decidiu adotar o Tella porque ele permite à organização deter completa posse sobre a informação coletada e controlar quem tem acesso a ela. “Há tanta informação coletada que não queremos compartilhar. Realmente sentimos que ativistas deveriam ter essa opção. Eles deveriam ser capazes de serem os que decidem quem tem acesso às informações deles,” adicionou Menton. A disponibilidade do idioma português também foi um grande fator na decisão.

Em novembro de 2019, durante a Conferência dos Defensores da Floresta no Brasil, a Horizontal treinou defensores da floresta para usar o Tella na coleta segura de dados sobre as violações de direitos.

Com os dados coletados, estudantes indígenas e pesquisadores nas Universidades Federal da Bahia, Federal do Recôncavo Baiano e Estadual da Bahia, criaram um website com um mapa que retrata evidências de violações dos direitos indígenas, coletados com o uso do Tella: https://umoutroceu.ufba.br. APOINME (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) usaram o mapa como uma ferramenta de sensibilização sobre os ataques a comunidades indígenas e reivindicar melhor proteção.

Monitoramento da Eleição - Bielorrússia

Resumo

Nas eleições presidenciais de 2020 na Bielorrússia, organizações da sociedade civil implantaram o Tella para monitorar as eleições e documentar evidências de violações das leis e procedimentos eleitorais, bem como abusos nos direitos humanos. A Horizontal desenvolveu uma versão personalizada do Tella, com uma interface de usuário simplificada e conexão com os servidores como padrão para as organizações responsáveis pelo monitoramento. O aplicativo foi traduzido para bielorusso e russo. Mais de 250 usuários submeteram um total de 1.091 relatórios, apesar das severas interrupções da internet e o completo desligamento da internet móvel antes, durante e depois da eleição.

👥 250 usuários

📲 +1.000 relatórios (fotos, vídeos e dados de formulários)

🗄️ Conexão: ODK (Kobotoolbox)

Na Bielorrússia, o regime autocrático de Alexander Lukashenko tem há muito tempo sufocado direitos fundamentais e reprimido a oposição política. As eleições não são nem livres, nem justas. Pela primeira vez em décadas, no entanto, as eleições presidenciais de 2020 ofereceram um potencial caminho para a mudança, com candidatos de oposição confiáveis e uma sociedade civil reenergizada pela incompetência do governo em face da pandemia da COVID-19.

Em parceria com grupos da sociedade civil, a Horizontal desenvolveu uma versão personalizada do Tella especificamente projetada para as necessidades dos observadores bielorrussos. Para reduzir as necessidades de treinamento e tornar a adesão o mais sutil possível, a interface de usuário foi simplificada e o aplicativo foi conectado aos servidores das organizações responsáveis pelo monitoramento por padrão. Ele também foi traduzido para o bielorrusso e russo.

O Tella já havia sido implantado na Bielorrússia durante as eleições parlamentares de 2019, então muitos observadores estavam previamente familiarizados com a ferramenta.

Durante o início da votação e no dia da eleição, os observadores usaram o Tella para submeter fotos, vídeos e informações adicionais via formulários, em um formato estruturado e padronizado para que fossem rapidamente analisados. Interrupções severas da internet e o completo desligamento da internet móvel antes, durante e depois da eleição impediram os observadores de transferir os dados imediatamente para as suas organizações. No entanto, a capacidade de o Tella funcionar offline permitiu que usuários continuassem coletando dados e os mantendo salvos e seguros em seus dispositivos até que pudessem carregá-los no servidor.

Apesar das interrupções da internet, 250 observadores usaram o Tella para submeter um total de 1.091 relatórios.

No período após as eleições, os resultados oficiais indicavam que Lukashenko estava reeleito para um sexto mandato presidencial com 80% dos votos. Organizações locais e internacionais questionaram a integridade dessa eleição. Os dados coletados por observadores independentes, incluindo os coletados com o Tella, revelaram violações amplamente difundidas das leis e procedimentos eleitorais, bem como um extensivo abuso dos direitos humanos.

Em seu relatório pós-eleição, a Organização pela Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) em seu relatório recente escreveu que os abusos de direitos humanos “revelaram-se massivos e sistemáticos e foram provados sem sombra de dúvidas”. Entre as incontáveis violações, os observadores documentaram a intimidação e a perseguição de ativistas, detenção de candidatos em potencial, fraude na eleição, restrição de acesso à informação, espancamentos e violência sexual. Os próprios observadores foram ameaçados, detidos e barrados dos locais de votação. De acordo com a OSCE, “a votação não foi transparente, livre ou justa”. O servidor foi desligado alguns meses após a eleição, logo que os dados foram baixados e processados pela organização.